A Imperatriz do Samba, agremiação liderada por Luiz Paulo da Rocha Junior e pelo Carnavalesco Simão Pedro vai homenagear a comunidade quilombola de Alto Iguape. Através das redes sociais, a Escola abriu a concorrência de Sambas de Enredo e disponibilizou a sinopse para 2014.
Aos compositores que desejam concorrer ao samba
da Escola "Imperatriz do Samba" para o Carnaval 2014 o Blog Batuque na Praia está disponibilizando a sinopse.
O samba gravado
(voz e cavaco) juntamente com a letra devem ser entregues até o dia
18/10/13 (sexta-feira) através do Facebook (Virgílio Freitas) ou na Academia de Dança Equilibrium
(atrás da Faculdade Pitágoras).
Foto: Alex Gouveia
Confira a sinopse:
Em 1818, o Príncipe Maximiliano
de Neuwied, renomado naturalista austríaco, foi contratado pela coroa
portuguesa para visitar e descrever as características do Brasil. A partir
dessa visita, o Príncipe Maximiliano escreveu um livro intitulado “Viagem ao
Brasil”, onde relata que na Região de Guarapari existiu durante 50 anos um
grupo de negros oriundos de duas fazendas. A primeira se chamava Engenho Velho,
que reunia um total de 295 escravos e, segundo alguns ofícios históricos, a de
maior valor. A segunda era a fazenda Campos, que tinha 417 escravos, ambas
pertencentes ao padre Antônio Siqueira de Quental.
Logo após a sua morte, outro
padre que passou por Guarapari, informou aos herdeiros de Portugal o estado de
ruína em que se encontravam as fazendas, e que, em troca das terras ele
cuidaria das fazendas e dos escravos. Mas, os líderes dos escravos se
revoltaram e o mataram enquanto dormia.
Os escravos da fazenda Engenho Velho também se
libertaram e fugiram pra mata. Lá, viviam livres sem trabalhar muito, caçavam e
mantinham uma organização social bem estruturada. Maximiliano ainda escreve que
os negros da região, recebiam os forasteiros de maneira amigável e mantinham
boa convivência com os habitantes da Vila de Guarapari, mesmo não sendo livres,
nesse particular, eram muito diferentes dos negros fugidos de Minas Gerais e
outros lugares. A partir dessa diferença com os Quilombos, Maximiliano compara
essa organização como uma república.
A comunidade do Alto Iguape,
através do Sr. Reginaldo Lucas Lourinho, líder comunitário e do trabalho de
pesquisa do Sr. José Amaral, historiador, está realizando um sonho, o sonho de
ver a história de suas raízes contada, e registrada.
No dia 16 de maio de 2012, três
dias após o aniversário da abolição da escravatura, foi concedido à comunidade
do Alto Iguape, a Certidão de Auto definição de Remanescente de Quilombo pelo
Ministério da Cultura.
A Fundação Cultural Palmares, deu
como verídica a história acima contada.
Os remanescentes do Alto Iguape,
não querem parar por aí, querem mostrar para o mundo a sua natureza exuberante,
resgatar sua cultura fragilizada com o êxodo de seus moradores para as cidades,
criar uma comunidade forte e sustentável através de uma nova visão de futuro,
para isso, faz-se necessário, criar oportunidades e divulgar ações já existentes.
O nome IGUAPE vem do tupi-guarani
e significa lugar com grande volume d'água, entre outros significados, o que
torna o Alto Iguape um local de grande potencial para uma estação de
ecoturismo, a sua altitude permite a instalação de uma rampa para a prática do
parapente e saltos com asa delta, além de possuir várias trilhas com fauna e
flora pertencentes à Mata Atlântica.
Anualmente acontece a caminhada
do Alto Iguape já na sua décima edição. Essa caminhada é feita entre os meses
de julho a agosto, e é realizada por cerca de 350 pessoas.
A Imperatriz do Samba tem a honra de junto com
a Associação do Alto Iguape, trazer à tona essa maravilha histórica
transformada em enredo para o carnaval de 2014. Mas, muitas surpresas vêm por
aí!
A nossa escola conta a História e
reinventa o Alto Iguape, divulga suas belezas e torna tudo sustentável, com o
objetivo de fazer com que a população de Guarapari conheça essa parte da
história do município e tenha orgulho de ser uma cidade que tem remanescentes
quilombolas, não simples descendentes de Quilombos, mas descendentes da única
República negra da história do Brasil.
ELABORAÇÃO:
LUIZ PAULO DA ROCHA JUNIOR
SIMÃO PEDRO PINHEIRO GONÇALVES
ÂNGELA MARIA DA ROCHA
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