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6 de novembro de 2013

Novo Império Comemora o Nascimento da Commedia Dell'Arte


“Se a arte imita a vida, com uma máscara eu posso sonhar.
Assistam o que uma comédia pode causar”

Faremos abordagens em Pierrôs e Coringas, Palácios e Jardins Franceses e Italianos, Teatro e Cinema mudo, Chaplin, a Realeza como espectadores, grandes produções como Fantasma da Ópera, Cats, Mágico de Oz, no Circo os palhaços, mágicos e até os cachorros Poodles irão sambar como no picadeiro, na televisão será a vez do Programa do Chacrinha reinar, assim como Dercy e Bolinha e demais Programas de Auditórios. Finalizaremos com a intervenção de Joãozinho Trinta nas fantasias e Paulo Barros nas Alegorias, como dois marcos no Carnaval do Rio de Janeiro com apimentadas faces de Teatralização e Coreografias.
O Enredo Imperiano, faz uma análise do Teatro a partir de uma perspectiva histórico-crítica, enfatizando-se as várias maneiras de sua apropriação no século passado, no teatro, no circo, na televisão até chegar ao carnaval do Brasil. Partindo de elementos da commedia dell'arte, serão ressaltados os temas da migração do teatro de praça para o teatro fechado e a ampliação do modelo da commedia dell'arte para outras formas artísticas do século XX, como o cinema mudo, o circo e o carnaval.
A tradição de teatro popular que vigorou na Europa durante os séculos XVI e XVII, não somente influenciou inúmeros dramaturgos e companhias teatrais de renome, nos mais diferentes países, como também deixou seu lastro naquelas outras companhias teatrais extremamente populares que, apesar do quase anonimato quanto ao registro histórico nos livros acadêmicos, mantiveram vivas, até os nossos dias, a chama da arte ingênua dos saltimbancos, que pode ser detectada no cinema mudo e suas decorrências (Chaplin), no circo, no cabaré e na revista musical.
O espetáculo que a Novo Império realiza, será de fácil compreensão por seu perfil muito nítido das personagens, tipi fissi mascarados – A presença de danças e canções, de caráter folclórico e facilmente reconhecível pela plateia, colabora para o mesmo fim, somando-se à utilização cômica da diferenciação lingüística dos vários dialetos que grassavam por toda a Itália e França que serviam para identificar a origem das personagens.
O cinema mudo (Charles Chaplin) aproveita, no nível do cômico e da criação de personagens, muitos elementos deixados pela commedia dell'arte; o fato de não haver fala sonorizada faz que seja valorizado o cômico visual, com ênfase para a mímica do ator; a temática é sempre de fácil compreensão e gira, com frequência, em torno da sobrevivência dos deserdados pela sorte, estabelecendo-se de imediato, por contraposição, a temática social (Luz da cidade, de Chaplin, é exemplar).
Finalmente, Esse tipo de recurso cômico é enriquecido pelo uso constante do qüiproquó (confusão entre objetos ou pessoas tomados uns pelo outros, com os conseqüentes equívocos que podem nascer desse tipo de situação, sempre muito engraçados), que, na commedia dell'arte, vem no geral problematizado pelo disfarce, um dos recursos mais tradicionais da história do cômico, chegando aos nossos dias, já diluído, aos programas de auditórios e humorísticos às novelas de televisão.
No circo, encontramos outra vertente da arte popular e, como no cinema mudo, também ele é um lugar onde ecoam características da commedia dell'arte, principalmente nos clowns, maior ponto de contato entre as duas manifestações.
Em síntese, estamos num universo onde não destoam os elementos grotescos, musicais, cômicos, com grande ênfase aos valores dos saltimbancos e dos atores burlescos, universo esse que pode ser resumido na figura do clown, que reuniria elementos variados, oriundos de fontes diversas, mas unidos sob o signo da arte cênica e de caráter popular.
De um outro ponto de vista, deve-se lembrar que o nascimento da commedia dell'arte tem íntima relação com o Carnaval, herdando dele, portanto, o direito à total liberação, tanto sexual quanto social (as máscaras eram a síntese de tipos sociais, satirizados pelo teatro). A iconografia do Carnaval, de Brueghel às fotos do Carnaval carioca, comprova tanto a liberação sexual quanto a social, ambas inerentes a esse tipo de festa.
No teatro, a commedia dell' arte ecoa indiretamente em Martins Pena (comédia de costumes do século XIX) e na dramaturgia de Ariano Suassuna, que incorpora o folclore.
Quanto à atuação, Antônio Carlos Nóbrega e Dercy Gonçalves são dois artistas que comprovam a perenidade de um tipo de teatro popular baseado essencialmente na arte do ator. Em síntese, como já disse Meyerhold, "o teatro de feira é eterno. Seus heróis não morrem nunca. Eles se contentam em trocar de aparência e em tomar formas novas". Dessa data, até Quando o Carnaval chegar, de Cacá Diegues, com músicas de Chico Buarque de Holanda, há toda uma trajetória, tanto da música popular quanto do cinema, girando em torno do mesmo tema, o Carnaval.

Autor: Anderson Luppi