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14 de dezembro de 2011

Nelson, Presidente da Juventude, Fala ao Batuque

Nelson Garcia é realmente um cara muito divertido. Pude conferir isso na entrevista que gentilmente concedeu ao Batuque na Praia no último dia 03 na sua residência ali no bairro Nossa Senhora da Conceição.
Feliz por estar à frente da escola de seu coração e paixão, Nelson contou-nos como passou a ser integrante e figura carimbada do carnaval da Cidade Saúde.
Cercado pelos netos que a todo instante interrompiam a entrevista e lhes solicitavam a atenção, Nelson se revelou uma pessoa apaixonada pelas manifestações culturais e esportivas do povo capixaba e uma pessoa que gosta de interagir com a comunidade.
Apesar de morar em outro bairro, Nelson disse que está sempre em contato com a diretoria e os demais integrantes da Sociedade Recreativa Escola de Samba Juventude de Muquiçaba, cuja fundação data de 20 de dezembro de 1982.

BATUQUE – Porque o samba de Guarapari é deixado para o segundo plano, ao contrário do que ocorre com o sertanejo e o funk?
NELSON -  Se a gente não fizer alguma coisa vai ser sempre assim. De segundo para o terceiro, quarto ou quinto plano. O rock tem sempre um festival, ou algo parecido, e o samba só aparece no Carnaval, com muito custo, muito trabalho e muita dificuldade. Lamento que o dia do samba tenha passado desapercebido aqui em Guarapari. Um ou outro sambista, cerca de meia dúzia, entre tantos, é que realmente desponta no cenário.
BATUQUE – De onde surgiu essa paixão pelo Carnaval?
NELSON - Eu sou apaixonado por duas situações do Espírito Santo. Sou apaixonado pelo futebol e pelo carnaval capixabas. Estou sempre buscando informações, juntando recortes de jornais e revistas. Sou natural de Vila Velha e estou envolvido com o Carnaval, desde criança, pois a Mocidade Unida começou ali na Glória, onde eu cresci e vivi. Inicialmente era apenas um bloco de carnaval e até os meus pais tiveram participação na fundação da agremiação.
BATUQUE – Como então você se envolveu com o Carnaval de Guarapari ?
NELSON - Devido à minha vinda para Guarapari por motivo de trabalho, há 28 anos, já que trabalhava na ESCELSA. No início eu apenas acompanhava o carnaval da cidade entre os anos de 81 e 82. O desfile da Juventude começou na verdade em 1983 e logo a seguir houve uma paralisação do Carnaval de Guarapari  por questões políticas e por falta de apoio financeiro do poder público. Então, um grupo composto por Tiziu, finado Zé Carlos, Luiz da Pousada Sete, Silvio e eu criamos a Tom Maior, que existiu por um período aproximado de seis anos. Mas, houve uma dissidência e insatisfação entre os componentes e muitas críticas surgiram.
BATUQUE – Quais críticas?
NELSON - As críticas foram originadas pelo fato de a Juventude, que era a representante de Muquiçaba, estar desativada. Assim, desativamos a Tom Maior e reativamos a Juventude.
BATUQUE – Qual a sua opinião sobre a possibilidade da Imperatriz do Samba desfilar em 2012 aqui em Guarapari?
NELSON - Acho ótimo que tenha não só a Imperatriz do Samba desfilando em Guarapari, como também a escola cuja estrutura foi toda montada por meu intermédio em Kubistchek, a Acadêmicos de JK, mas, para minha surpresa e decepção, foi impedida de desfilar pela Associação recém formada. Fui pego de surpresa e fiquei assustado já que eu havia montado toda a estrutura material e feito a divulgação para a Escola desfilar.
BATUQUE - Nelson, eu percebi que neste Carnaval de 2011, as escolas e os blocos deixaram a Associação tomar muito a frente das coisas e eu não consegui entender o motivo disto à época.
NELSON – Mas, eu acho que ainda continua assim. Eu penso que nós somos os donos do espetáculo. É como no futebol: quem entra em campo são os onze principais e os reservas, ou seja, o Clube. Nós precisamos tomar uma atitude, e não esperar que a Liga ou qualquer outra entidade tome a frente das coisas e nós fiquemos sempre à mercê das vontades de seus dirigentes.
BATUQUE – Será que essa  falta de poder das Escolas não acontece pelo fato de os blocos serem em maior número e isso esteja sufocando a voz das agremiações?
NELSON – Não, a união precisa ser de todas as agremiações de modo geral: escolas e blocos. Todos proporcionam o espetáculo. O que está faltando é uma reunião dos líderes, independente da Liga, para definirem anseios e necessidades comuns, precisamos ver o que cada agremiação quer e chegar a uma conclusão. Mas, sempre estou entrando em contato com a diretoria da Liga e pergunto como estão as coisas para o Carnaval de 2012 e não vejo ninguém se mobilizando . Há um mês, o prefeito esteve aqui em casa e ele afirmou que em poucos dias estaria repassando a subvenção para a Liga das Escolas de Guarapari. Naquele dia o prefeito disse que queria a Liga comandando o Carnaval. Mas, a partir daí eu procurei a Liga e o que vi...? A minha preocupação é com o tempo! Já estamos em dezembro e praticamente há um mês do Carnaval. Como adquirir o material para preparar o espetáculo com tão pouco tempo?
BATUQUE – Fale sobre aquela tão comentada novela do carnaval de 2011.
NELSON – Se por acaso acontecer o que aconteceu com os dois carnavais passados, eu me viro sozinho. Quiseram boicotar o Carnaval. Tanto a Liga quanto a Associação não queriam fazer o Carnaval. Eu disse então que não tinha autoridade nem autorização para falar pelo povo da “Grande Muquiçaba”.  O povo queria festa, queria Carnaval, pois é uma festa que dura apenas três dias no ano.  Eu dizia: assim também como eu amo, adoro o Carnaval e a Escola, eu quero o Carnaval. Custe o que custar. Mesmo que eu não fosse o presidente da Escola naquela época, eu tinha autoridade para definir daquele jeito, uma vez que sou também fundador da Escola.
BATUQUE – Como surgiu a idéia do enredo “Camilo Cola, a Saga de Um Visionário”?
NELSON – Partiu de mim mesmo.  A Escola tinha três opções para explorar no Carnaval. Esperamos a sinalização de duas empresas que não responderam a contento, mas o Sr. Camilo aceitou a homenagem e posicionou-se favorável ao desfile.
BATUQUE – Quais os seus planos de crescimento para a Juventude de Muquiçaba?
NELSON – Nós ficamos sempre no aguardo de algum patrocínio. Dirigir uma escola é algo muito difícil, é desgastante e oneroso. Muitas vezes tiramos de nosso próprio bolso para ver a agremiação realizar uma bela apresentação. Meus projetos estão atrelados a essa questão. Buscar apoio financeiro para fazer a escola crescer.

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