Feliz por estar à frente da escola de seu coração e paixão, Nelson contou-nos como passou a ser integrante e figura carimbada do carnaval da Cidade Saúde.
Cercado pelos netos que a todo instante interrompiam a entrevista e lhes solicitavam a atenção, Nelson se revelou uma pessoa apaixonada pelas manifestações culturais e esportivas do povo capixaba e uma pessoa que gosta de interagir com a comunidade.
Apesar de morar em outro bairro, Nelson disse que está sempre em contato com a diretoria e os demais integrantes da Sociedade Recreativa Escola de Samba Juventude de Muquiçaba, cuja fundação data de 20 de dezembro de 1982.
BATUQUE – Porque o samba de Guarapari é deixado para o segundo plano, ao contrário do que ocorre com o sertanejo e o funk?
NELSON - Se a gente não fizer alguma coisa vai ser sempre assim. De segundo para o terceiro, quarto ou quinto plano. O rock tem sempre um festival, ou algo parecido, e o samba só aparece no Carnaval, com muito custo, muito trabalho e muita dificuldade. Lamento que o dia do samba tenha passado desapercebido aqui em Guarapari. Um ou outro sambista, cerca de meia dúzia, entre tantos, é que realmente desponta no cenário.
NELSON - Eu sou apaixonado por duas situações do Espírito Santo. Sou apaixonado pelo futebol e pelo carnaval capixabas. Estou sempre buscando informações, juntando recortes de jornais e revistas. Sou natural de Vila Velha e estou envolvido com o Carnaval, desde criança, pois a Mocidade Unida começou ali na Glória, onde eu cresci e vivi. Inicialmente era apenas um bloco de carnaval e até os meus pais tiveram participação na fundação da agremiação.
BATUQUE – Como então você se envolveu com o Carnaval de Guarapari ?
NELSON - Devido à minha vinda para Guarapari por motivo de trabalho, há 28 anos, já que trabalhava na ESCELSA. No início eu apenas acompanhava o carnaval da cidade entre os anos de 81 e 82. O desfile da Juventude começou na verdade em 1983 e logo a seguir houve uma paralisação do Carnaval de Guarapari por questões políticas e por falta de apoio financeiro do poder público. Então, um grupo composto por Tiziu, finado Zé Carlos, Luiz da Pousada Sete, Silvio e eu criamos a Tom Maior, que existiu por um período aproximado de seis anos. Mas, houve uma dissidência e insatisfação entre os componentes e muitas críticas surgiram.
BATUQUE – Quais críticas?
NELSON - As críticas foram originadas pelo fato de a Juventude, que era a representante de Muquiçaba, estar desativada. Assim, desativamos a Tom Maior e reativamos a Juventude.
BATUQUE – Qual a sua opinião sobre a possibilidade da Imperatriz do Samba desfilar em 2012 aqui em Guarapari?
NELSON - Acho ótimo que tenha não só a Imperatriz do Samba desfilando em Guarapari, como também a escola cuja estrutura foi toda montada por meu intermédio em Kubistchek, a Acadêmicos de JK, mas, para minha surpresa e decepção, foi impedida de desfilar pela Associação recém formada. Fui pego de surpresa e fiquei assustado já que eu havia montado toda a estrutura material e feito a divulgação para a Escola desfilar.
BATUQUE - Nelson, eu percebi que neste Carnaval de 2011, as escolas e os blocos deixaram a Associação tomar muito a frente das coisas e eu não consegui entender o motivo disto à época.
NELSON – Mas, eu acho que ainda continua assim. Eu penso que nós somos os donos do espetáculo. É como no futebol: quem entra em campo são os onze principais e os reservas, ou seja, o Clube. Nós precisamos tomar uma atitude, e não esperar que a Liga ou qualquer outra entidade tome a frente das coisas e nós fiquemos sempre à mercê das vontades de seus dirigentes.
BATUQUE – Será que essa falta de poder das Escolas não acontece pelo fato de os blocos serem em maior número e isso esteja sufocando a voz das agremiações?
NELSON – Não, a união precisa ser de todas as agremiações de modo geral: escolas e blocos. Todos proporcionam o espetáculo. O que está faltando é uma reunião dos líderes, independente da Liga, para definirem anseios e necessidades comuns, precisamos ver o que cada agremiação quer e chegar a uma conclusão. Mas, sempre estou entrando em contato com a diretoria da Liga e pergunto como estão as coisas para o Carnaval de 2012 e não vejo ninguém se mobilizando . Há um mês, o prefeito esteve aqui em casa e ele afirmou que em poucos dias estaria repassando a subvenção para a Liga das Escolas de Guarapari. Naquele dia o prefeito disse que queria a Liga comandando o Carnaval. Mas, a partir daí eu procurei a Liga e o que vi...? A minha preocupação é com o tempo! Já estamos em dezembro e praticamente há um mês do Carnaval. Como adquirir o material para preparar o espetáculo com tão pouco tempo?
BATUQUE – Fale sobre aquela tão comentada novela do carnaval de 2011.
NELSON – Se por acaso acontecer o que aconteceu com os dois carnavais passados, eu me viro sozinho. Quiseram boicotar o Carnaval. Tanto a Liga quanto a Associação não queriam fazer o Carnaval. Eu disse então que não tinha autoridade nem autorização para falar pelo povo da “Grande Muquiçaba”. O povo queria festa, queria Carnaval, pois é uma festa que dura apenas três dias no ano. Eu dizia: assim também como eu amo, adoro o Carnaval e a Escola, eu quero o Carnaval. Custe o que custar. Mesmo que eu não fosse o presidente da Escola naquela época, eu tinha autoridade para definir daquele jeito, uma vez que sou também fundador da Escola.
BATUQUE – Como surgiu a idéia do enredo “Camilo Cola, a Saga de Um Visionário”?
BATUQUE – Quais os seus planos de crescimento para a Juventude de Muquiçaba?
NELSON – Nós ficamos sempre no aguardo de algum patrocínio. Dirigir uma escola é algo muito difícil, é desgastante e oneroso. Muitas vezes tiramos de nosso próprio bolso para ver a agremiação realizar uma bela apresentação. Meus projetos estão atrelados a essa questão. Buscar apoio financeiro para fazer a escola crescer.
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