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12 de dezembro de 2013

Jucutuquara Volta a Sonhar os Sonhos de Outrora



Justificativa

Conta a lenda que no começo do mundo, uma grande ave de plumas brancas partiu de muito longe e depois de voar dias e noites sem parar, alcançou o litoral de uma imensa terra onde, exausta, caiu morta.
Suas longas e alvas asas, abertas no solo transformara-se em belas praias de
areias brancas. No lugar onde o coração bateu na terra, abriu-se uma grande e
profunda depressão, que as águas do mar invadiram, sendo suas margens fecundadas pelo sangue da ave lendária.
Assim, os índios Tupinambás acreditavam que teria nascido Kirimuri, a vasta baía de águas negras e os seus recôncavos, que o europeu, batizou de “Bahia de todos os Santos”.
Em nossa narrativa carnavalesca, a ave lendária de plumas brancas é a gloriosa Coruja, símbolo da Jucutuquara e de reverência à Bahia, este paraíso cercado de belezas naturais, berço do nosso Brasil.
A Bahia é um lugar para ser contado, rezado, narrado e sonhado. Se a lenda é fantasia, e a fantasia irreal, nada mais lógico que seja na Bahia o local de incorporação e união entre homens e santos porque a Bahia é... O berço das lendas, a terra dos mitos, a tenda dos Orixás, o santuário dos deuses negros
Bahia que entre o mar e as poesias tem um porto seguro – São Salvador.
Bahia onde os cantos são sonhos, os sonhos poesias, poesia negritude, como as lendas do seu povo, as raízes do seu passado e seus orixás. Onde a cidade é farta, de dendê e de cacau, que debruçada sobre o mar, finge não saber de nada, fica tomando sua fresca, vendo a lua se escamar na maré enchentes, seus saveiros serenos, seus segredos, santos e orixás. Conventos e igrejas – Orikis Alujas, ebós e festanças o ano todo.

OH! BAHIA Ó


Sinopse do Enredo
Oh! Bahia Ó

Estado prodígio em riquezas, surgiu com muitos segredos que só as pretas velhas baianas sabem... Que a felicidade também mora na Bahia.
Tirados de sua terra, os negros africanos trouxeram para cá uma única, porém rica bagagem nos navios negreiros: sua fé.
A história da baianidade, com seus ritos, crenças e mitos é a reedição existencial dos povos africanos. Jejes e Nagôs, primeiros representantes dos povos da África que aportam no Brasil, tiveram de buscar meios e maneiras para reconstruir, com toda dificuldade dos escravizados, sua religião na nova terra abençoada pelos deuses.
Você já foi à Bahia? Não? Então vá... Vá conhecer o berço do Brasil.
Vá para ver onde o passado e o presente se respeitam mutuamente.
As ladeiras tortuosas ladeadas de casario colonial, os becos, travessas e vielas tradicionais, do lado das novas avenidas, túneis, ruas asfaltadas, casas modernas, que falam do presente, do passado. Salvador e todo Brasil: um Brasil moreno tropical, mulato brasileiro.
O tabuleiro da baiana que faz parte da África mudou-se para o novo mundo com os escravos. É fácil encontrá-los nos quitutes que as baianas prepararam na comida mais quente do Brasil. A “quentura” é dada pela pimenta de cheiro ou pela malagueta bem madura.
Da África chegou o azeite de dendê, o quiabo, o inhame, o amendoim, o gengibre. Surgiram os celebres pratos baianos. No tabuleiro da baiana tem... Acarajé, abará, aça, efó, xinxim de galinha... Com muitos segredos que só as baianas têm...
Bahia é o berço de personalidades, escritores imortais: João Ubaldo, Gregório de Matos, Jorge Amado e Castro Alves, poeta escritor do Navio Negreiro. Na pintura temos Caribé.
No Carnaval Olodum, Filhos de Gandhi, Trios, Blocos... Temos também Evandro de Castro Lima oriundo de família tradicional da Bahia ficou conhecido ao disputar inúmeros concursos de fantasias de luxo, seu primeiro prêmio nos concursos foi no Hotel Copacabana Palace com a fantasia “Estátua Barroca” e as sua última fantasia “Tributo da Vaidade”.
Bahia onde tudo se mistura, se disfarça, sendo duas coisas do mesmo tempo –
Xangô – São Jorge, santo da fé, Oxossi orixá dos bichos e caçador lá das bandas de Ijebú Ode.
Na Bahia o mar é azul, o céu é azul, o rio é vermelho, mas as areias são brancas, onde são escritos, contados e sonhados, as histórias de cada um de nós, com a sabedoria dos orixás tendo na vida a glória de poder trilhar com garbo e razão os caminhos traçados por Olodum maré, o Criador.
Saravá a nossa conselheira espiritual e sacerdotisa Dona Maria Coroa (in memorian) que busca a benção do Senhor do Bonfim.

“Oh Bahia Ó”

Todo conto contado, toda reza rezada, todo mito narrado, todo sonho sonhado.
Salve a Bahia de São Salvador! Que o manto sagrado do nosso pai maior cubra o mundo com muita paz e amor. E que a Nação de Jucutuquara possa voltar a sonhar sonhos de outrora sob as bênçãos de Dona Maria Coroa.

Olodum Bosy Fuó

Carnavalesco Orlando Júnior


Bibliografia Consultada:
 Brasil, História, Costumes e Lendas – Editora Três
 Museu de Arte da Bahia – São Paulo: Banco Safra, 1997
 Angola e a Expressão da sua cultura – Ana Maria de Oliveira
 Matéria – Of its material culture
 Orixás Deuses em Yorubá na África e Novo Mundo – Pierre Fatumbi Verger


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