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7 de fevereiro de 2014

Rogerinho do Cavaco Recebe Ircea Pagodinho


E, para o sujeito que gosta de samba da melhor qualidade e não é doente do pé, hoje tem uma grande pedida na Enseada Azul.
O Boteco Bohemia apresenta o sambista Rogerinho do Cavaco ao lado de Ircea Pagodinho!
Nome ainda pouco conhecido da maioria dos capixabas, Ircéa é irmã do grande Zeca Pagodinho e, ao lado de Rogerinho do Cavaco, promete oferecer ao público guarapariense o consagrado e apaixonante Samba de Raiz carioca.
Em 2002, a Revista Época publicou uma matéria de João Pimentel, do Jornal O Globo, sobre Ircéa que vale a pena reproduzir aqui no Batuque. Confira:


"Irmã de Zeca Pagodinho, de quem passou recentemente a usar o sobrenome artístico, Ircéa tornou-se atração da noite para o dia ao se apresentar em casas noturnas da Lapa e da Praça Tiradentes, como Supimpa e Centro Cultural Carioca. Mas a ex-professora primária está longe de ser uma estreante em palcos. Bem diferente de Zeca, a cantora, que foi a primeira a ganhar a categoria Revelação do extinto Prêmio Sharp, diz que não é tão afeita à badalações e nem tão caseira, os dois extremos da vida do irmão. 

- O Zeca sempre foi caseiro demais, mas, quando resolve sair de casa, sai mesmo. Eu gosto mais do que ele de sair, mas também não exagero.
Dona de uma bazar em Xerém, Ircéa, em contraponto ao irmão, tem curtido mais a paz do distrito de Duque de Caxias. Segundo ela, Zeca tem ido muito pouco ao lugar de onde se tornou uma espécie de prefeito informal:
- Ele teve que se mudar para dar melhores condições de estudo para os filhos. Aqui ele estava sendo assediado demais. Sempre tinha alguém pedindo ajuda - conta.
Com um cantar que tem nítida influência de sambistas como Alcione e Lecy Brandão, Ircéa diz que, assim como todos os quatro irmãos, cresceu em um ambiente musical bastante eclético.
- Minha mãe e minhas tias sempre cantaram muito bem, isso vem de berço. Nossa formação vem muito das serestas que ouvíamos, em que se cantava de tudo. Mas também tínhamos dois tios-avós que eram da pesada, da malandragem do samba - lembra Ircéa. - Eu gostava de ouvir Marília Barbosa (cantarola "Caso você case", de Vital Farias, do repertório da cantora), Elis, Elizeth, Beth Carvalho. Enfim, tudo o que era de qualidade.
Nascida e criada no Irajá, Ircéa, ainda menina, desfilava ao lado dos irmãos e dos primos no Boêmios do Irajá, um dos maiores blocos que já desfilaram pelo subúrbio:
- Meu primo Beto Gago era diretor da Ala do Pagodinho no bloco Boêmios. Aliás, o nome do Zeca, o mascote do bloco, vem daí. Como eu estudava e trabalhava, não ia às reuniões. Quando chegava o carnaval, não tinha fantasia para mim e para minhas primas. - lembra. - A gente comprava um pano das cores do bloco, vermelho e branco, e fazíamos a fantasia. O problema é que às vezes a fantasia era de bolinha e a gente comprava o pano listrado. Mas a família ficava em volta da gente e ninguém chegava perto.
Do Boêmios e da vivência do samba, a cantora passou a freqüentar as rodas que se espalhavam pelo subúrbio do Rio. Dos pagodes de Osmar do Cavaco, em Marechal Hermes; de Arlindo Cruz, em Cascadura; de Anita, mãe de Dudu Nobre, no Centro; Ircéa, depois de uma passagem pelo Cacique de Ramos, gravou seu primeiro e único disco, em 1987.
- Era a segunda geração do pagode, que começou com Zeca, Jorge Aragão, Jovelina e outros. Lancei meu disco mas, pouco tempo depois, o Marcos Silva, diretor artístico da RGE, que era quem dava força aos sambistas, morreu. Então, ficou uma porta aberta por onde entraram os sertanejos...
Depois de um sucesso efêmero e de viajar pelo país fazendo shows, uma operação fez com que, desde 1994, ela deixasse de lado a vida de cantora. Mas, por insistência dos amigos, voltou. E diz que não tem problemas em usar a alcunha do irmão famoso:
- Quem me conhece sabe que não tenho essa vaidade e que, quando precisei largar tudo para trabalhar e botar dinheiro em casa, não pensei duas vezes."

Confira uma das performances dessa talentosa sambista:


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