Justificativa
Conta a lenda que no começo do mundo, uma
grande ave de plumas brancas partiu de muito longe e depois de voar dias e
noites sem parar, alcançou o litoral de uma imensa terra onde, exausta, caiu
morta.
Suas longas e alvas asas, abertas no solo
transformara-se em belas praias de
areias brancas. No lugar onde o coração bateu
na terra, abriu-se uma grande e
profunda depressão, que as águas do mar
invadiram, sendo suas margens fecundadas pelo sangue da ave lendária.
Assim, os índios Tupinambás acreditavam que
teria nascido Kirimuri, a vasta baía de águas negras e os seus recôncavos, que
o europeu, batizou de “Bahia de todos os Santos”.
Em nossa narrativa carnavalesca, a ave
lendária de plumas brancas é a gloriosa Coruja, símbolo da Jucutuquara e de
reverência à Bahia, este paraíso cercado de belezas naturais, berço do nosso
Brasil.
A Bahia é um lugar para ser contado, rezado,
narrado e sonhado. Se a lenda é fantasia, e a fantasia irreal, nada mais lógico
que seja na Bahia o local de incorporação e união entre homens e santos porque
a Bahia é... O berço das lendas, a terra dos mitos, a tenda dos Orixás, o
santuário dos deuses negros
Bahia que entre o mar e as poesias tem um
porto seguro – São Salvador.
Bahia onde os cantos são sonhos, os sonhos
poesias, poesia negritude, como as lendas do seu povo, as raízes do seu passado
e seus orixás. Onde a cidade é farta, de dendê e de cacau, que debruçada sobre
o mar, finge não saber de nada, fica tomando sua fresca, vendo a lua se escamar
na maré enchentes, seus saveiros serenos, seus segredos, santos e orixás.
Conventos e igrejas – Orikis Alujas, ebós e festanças o ano todo.
OH! BAHIA Ó
Sinopse do Enredo
Oh! Bahia Ó
Estado prodígio em riquezas, surgiu com
muitos segredos que só as pretas velhas baianas sabem... Que a felicidade
também mora na Bahia.
Tirados de sua terra, os negros africanos
trouxeram para cá uma única, porém rica bagagem nos navios negreiros: sua fé.
A história da baianidade, com seus ritos,
crenças e mitos é a reedição existencial dos povos africanos. Jejes e Nagôs,
primeiros representantes dos povos da África que aportam no Brasil, tiveram de
buscar meios e maneiras para reconstruir, com toda dificuldade dos
escravizados, sua religião na nova terra abençoada pelos deuses.
Você já foi à Bahia? Não? Então vá... Vá
conhecer o berço do Brasil.
Vá para ver onde o passado e o presente se
respeitam mutuamente.
As ladeiras tortuosas ladeadas de casario
colonial, os becos, travessas e vielas tradicionais, do lado das novas avenidas,
túneis, ruas asfaltadas, casas modernas, que falam do presente, do passado.
Salvador e todo Brasil: um Brasil moreno tropical, mulato brasileiro.
O tabuleiro da baiana que faz parte da África
mudou-se para o novo mundo com os escravos. É fácil encontrá-los nos quitutes
que as baianas prepararam na comida mais quente do Brasil. A “quentura” é dada
pela pimenta de cheiro ou pela malagueta bem madura.
Da África chegou o azeite de dendê, o quiabo,
o inhame, o amendoim, o gengibre. Surgiram os celebres pratos baianos. No
tabuleiro da baiana tem... Acarajé, abará, aça, efó, xinxim de galinha... Com
muitos segredos que só as baianas têm...
Bahia é o berço de personalidades, escritores
imortais: João Ubaldo, Gregório de Matos, Jorge Amado e Castro Alves, poeta
escritor do Navio Negreiro. Na pintura temos Caribé.
No Carnaval Olodum, Filhos de Gandhi, Trios,
Blocos... Temos também Evandro de Castro Lima oriundo de família tradicional da
Bahia ficou conhecido ao disputar inúmeros concursos de fantasias de luxo, seu
primeiro prêmio nos concursos foi no Hotel Copacabana Palace com a fantasia
“Estátua Barroca” e as sua última fantasia “Tributo da Vaidade”.
Bahia onde tudo se mistura, se disfarça,
sendo duas coisas do mesmo tempo –
Xangô – São Jorge, santo da fé, Oxossi orixá
dos bichos e caçador lá das bandas de Ijebú Ode.
Na Bahia o mar é azul, o céu é azul, o rio é
vermelho, mas as areias são brancas, onde são escritos, contados e sonhados, as
histórias de cada um de nós, com a sabedoria dos orixás tendo na vida a glória
de poder trilhar com garbo e razão os caminhos traçados por Olodum maré, o
Criador.
Saravá a nossa conselheira espiritual e sacerdotisa
Dona Maria Coroa (in memorian) que busca a benção do Senhor do Bonfim.
“Oh Bahia Ó”
Todo conto contado, toda reza rezada, todo
mito narrado, todo sonho sonhado.
Salve a Bahia de São Salvador! Que o manto
sagrado do nosso pai maior cubra o mundo com muita paz e amor. E que a Nação de
Jucutuquara possa voltar a sonhar sonhos de outrora sob as bênçãos de Dona
Maria Coroa.
Olodum Bosy Fuó
Carnavalesco Orlando Júnior
Bibliografia Consultada:
Brasil, História, Costumes e Lendas – Editora
Três
Museu de Arte da Bahia – São Paulo: Banco
Safra, 1997
Angola e a Expressão da sua cultura – Ana
Maria de Oliveira
Matéria – Of its material culture
Orixás Deuses em Yorubá na África e Novo
Mundo – Pierre Fatumbi Verger