“Se a arte imita a vida, com uma máscara eu posso sonhar.
Assistam
o que uma comédia pode causar”
Faremos abordagens em Pierrôs e Coringas, Palácios e Jardins
Franceses e Italianos, Teatro e Cinema mudo, Chaplin, a Realeza como
espectadores, grandes produções como Fantasma da Ópera, Cats, Mágico de Oz, no
Circo os palhaços, mágicos e até os cachorros Poodles irão sambar como no
picadeiro, na televisão será a vez do Programa do Chacrinha reinar, assim como
Dercy e Bolinha e demais Programas de Auditórios. Finalizaremos com a
intervenção de Joãozinho Trinta nas fantasias e Paulo Barros nas Alegorias,
como dois marcos no Carnaval do Rio de Janeiro com apimentadas faces de
Teatralização e Coreografias.
O Enredo Imperiano, faz uma análise do Teatro a partir de uma
perspectiva histórico-crítica, enfatizando-se as várias maneiras de sua
apropriação no século passado, no teatro, no circo, na televisão até chegar ao
carnaval do Brasil. Partindo de elementos da commedia dell'arte, serão
ressaltados os temas da migração do teatro de praça para o teatro fechado e a
ampliação do modelo da commedia dell'arte para outras formas artísticas do
século XX, como o cinema mudo, o circo e o carnaval.
A tradição de teatro popular que vigorou na Europa durante os
séculos XVI e XVII, não somente influenciou inúmeros dramaturgos e companhias
teatrais de renome, nos mais diferentes países, como também deixou seu lastro
naquelas outras companhias teatrais extremamente populares que, apesar do quase
anonimato quanto ao registro histórico nos livros acadêmicos, mantiveram vivas,
até os nossos dias, a chama da arte ingênua dos saltimbancos, que pode ser
detectada no cinema mudo e suas decorrências (Chaplin), no circo, no cabaré e
na revista musical.
O espetáculo que a Novo Império realiza, será de fácil
compreensão por seu perfil muito nítido das personagens, tipi fissi mascarados
– A presença de danças e canções, de caráter folclórico e facilmente
reconhecível pela plateia, colabora para o mesmo fim, somando-se à utilização
cômica da diferenciação lingüística dos vários dialetos que grassavam por toda
a Itália e França que serviam para identificar a origem das personagens.
O cinema mudo (Charles Chaplin) aproveita, no nível do cômico
e da criação de personagens, muitos elementos deixados pela commedia dell'arte;
o fato de não haver fala sonorizada faz que seja valorizado o cômico visual, com
ênfase para a mímica do ator; a temática é sempre de fácil compreensão e gira,
com frequência, em torno da sobrevivência dos deserdados pela sorte,
estabelecendo-se de imediato, por contraposição, a temática social (Luz da
cidade, de Chaplin, é exemplar).
No circo, encontramos outra vertente da arte popular e, como
no cinema mudo, também ele é um lugar onde ecoam características da commedia
dell'arte, principalmente nos clowns, maior ponto de contato entre as duas
manifestações.
Em síntese, estamos num universo onde não destoam os
elementos grotescos, musicais, cômicos, com grande ênfase aos valores dos
saltimbancos e dos atores burlescos, universo esse que pode ser resumido na
figura do clown, que reuniria elementos variados, oriundos de fontes diversas,
mas unidos sob o signo da arte cênica e de caráter popular.
De um outro ponto de vista, deve-se lembrar que o nascimento
da commedia dell'arte tem íntima relação com o Carnaval, herdando dele,
portanto, o direito à total liberação, tanto sexual quanto social (as máscaras
eram a síntese de tipos sociais, satirizados pelo teatro). A iconografia do
Carnaval, de Brueghel às fotos do Carnaval carioca, comprova tanto a liberação
sexual quanto a social, ambas inerentes a esse tipo de festa.
No teatro, a commedia dell' arte ecoa indiretamente em
Martins Pena (comédia de costumes do século XIX) e na dramaturgia de Ariano
Suassuna, que incorpora o folclore.
Quanto à atuação, Antônio Carlos Nóbrega e Dercy Gonçalves
são dois artistas que comprovam a perenidade de um tipo de teatro popular
baseado essencialmente na arte do ator. Em síntese, como já disse Meyerhold,
"o teatro de feira é eterno. Seus heróis não morrem nunca. Eles se
contentam em trocar de aparência e em tomar formas novas". Dessa data, até
Quando o Carnaval chegar, de Cacá Diegues, com músicas de Chico Buarque de
Holanda, há toda uma trajetória, tanto da música popular quanto do cinema,
girando em torno do mesmo tema, o Carnaval.